Iporanga, no Vale do Ribeira (SP), é a cidade da região com a maior proporção de quilombolas, segundo dados inéditos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a pesquisa, 35% dos habitantes de Iporanga se autodeclaram quilombolas. Na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, Guarujá é o município com mais quilombolas: 67 pessoas.
Pela primeira vez, o IBGE incluiu as comunidades quilombolas do Brasil no Censo Demográfico, a mais abrangente pesquisa sobre a população brasileira. O levantamento mostrou que o Brasil tem 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas. A maioria delas vive na região Nordeste (52%), seguida pela região Norte (25%). O Estado de São Paulo tem 8.314 quilombolas, sendo 6.605 na região do Vale do Ribeira e 112 na Baixada Santista.
Os quilombolas são povos que vivem em regiões remanescentes de quilombos, que eram as comunidades formadas por escravos que fugiam da violência e da exploração nas fazendas. Esses espaços se tornaram centros de resistência e liberdade dos negros, que mantiveram suas tradições africanas e também se misturaram com indígenas e brancos. A palavra quilombo vem do idioma banto e significa “guerreiro da floresta” ou “local de pouso ou acampamento”.
No Vale do Ribeira, 14 cidades têm população quilombola, segundo o IBGE. A cidade com mais quilombolas em números absolutos é Eldorado, com 2.245 pessoas, que representam 17,18% dos moradores. Em seguida vem Iporanga, com 1.424 quilombolas, que correspondem a 35,2% da população. Esse é o maior percentual registrado na região e um dos maiores do Estado.
Na Baixada Santista, há quilombolas em quatro cidades: Guarujá, Mongaguá, Santos e Itanhaém. Guarujá tem o maior número de quilombolas: 67 pessoas, que equivalem a 0,02% dos habitantes. Em Mongaguá há 24 quilombolas (0,04%), em Santos há 19 (0%) e em Itanhaém há dois (0%).
Os quilombolas são considerados um grupo étnico-racial pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010) e têm direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988. Entre eles está o reconhecimento da propriedade definitiva das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. No entanto, muitos quilombolas ainda enfrentam dificuldades para obter a titulação das terras e para ter acesso à saúde, à educação e à infraestrutura.
O IBGE afirma que os dados sobre os quilombolas são importantes para subsidiar políticas públicas voltadas para esse segmento da população e para valorizar sua história e sua cultura. O instituto também destaca que os quilombos são uma das maiores expressões de luta organizada no Brasil contra o sistema colonial-escravista e que contribuíram para a formação da identidade nacional.
Veja o número e o percentual de quilombolas nas cidades da Baixada Santista e do Vale do Ribeira:
Baixada Santista
Guarujá: 67 (0,02%)
Mongaguá: 24 (0,04%)
Santos: 19 (0%)
Itanhaém: 2 (0%)
Vale do Ribeira
Eldorado: 2.245 (17,18%)
Iporanga: 1.424 (35,2%)
Barra do Turvo: 1.219 (17,73%)
Cananéia: 501 (4,08%)
Iguape: 379 (1,3%)
Itaoca: 302 (8,83%)
Jacupiranga: 133 (0,83%)
Cajati: 101 (0,35%)
Registro: 65 (0,11%)
Miracatu: 39 (0,21%)
Sete Barras: 17 (0,13%)
Barra do Chapéu: 9 (0,17%)
Pariquera-Açu: 1 (0,01%)
Juquiá: 1 (0,01%)